A vinda para Portugal dos motores Sachs, em 1950, deve-se ao empresário Joaquim Simões Costa, que então começara com um negócio de armazenista de bicicletas em Sangalhos, próximo da sua terra, Paraimo, de onde a família que vivia da pequena agricultura era oriunda. Simões Costa cria várias empresas, entre elas a OSP – Organização Sachs Portuguesa. Começa por importar, desde a fábrica alemã Fichtel Sachs, em Schweinfurt, até Sangalhos, os motores de 98cc que depois vendia a várias oficinas. Será a SIS a fabricar a primeira moto com motor Sachs.
Em 1952 é construída a primeira motocicleta fabricada em Argoncilhe (Santa Maria da Feira), a que Avelino Alves Pereira dará o seu nome próprio invertido – algo vulgar entre os fabricantes de bicicletas e, nesse mesmo ano, é registada na Direção Geral de Viação do Porto a marca Onileva. Surgem também outros registos portugueses com motores de 98cc: a Dover-Sachs, a Maia-Sachs, as Royal Stella-Sachs….
Mas serão os pequenos motores de 50cc que vão ter grande sucesso, quando Simões Costa, a partir da sua empresa Organização Sachs Portuguesa, em Anadia, resolve lançar em força vários modelos, começando com o nº1, publicitando no Jornal de Cascais, a que se seguiram outros. Assim, passados dois anos, surgem as versões Popular, com o preço de 5.600 escudos, a Marechal, vendida por 6.800 escudos, a Gigante, que, como já tinha amortecedor, ficava pelos 7.600 escudos, enquanto a Príncipe era vendida a preço mais elevado: 8.400 escudos; os modelos sport, como a Canadá, a Sachs Cruzador e a Dover balizavam-se pelos 6.600 escudos.
Tinha stand no Porto, na Rua Sá da Bandeira, 505, e em Lisboa na Avenida Fontes Pereira de Melo, 39-C, aqui já com Manuel Custódio Martins a substituir o seu primeiro agente, Manuel Vieira Condença. Um stand em Aveiro, na avenida Dr. Lourenço Peixinho,240, e um stand em faro na Rua São Luís, 112, pertencente a Hélder Joaquim e a Bazílio Sebastião; outro em Portimão, o Stand Sachs, na Rua Júdice Fialho, 19. Pelo país fora, e ao longo dos anos 1950, foram-se multiplicando os concessionários desta marca.
Se tivermos de nomear qual a motorizada nacional que mais marcou as gerações no nosso país, teremos obrigatoriamente de dizer que foi a V5.
A Sachs V5, com as suas linhas atrevidas e futuristas, ficou na memoria dos portugueses e, durante quase 25 anos, foi êxito de vendas, não só pelo seu aspeto tão sport, como pela fiabilidade que aquele motor de cinco velocidades oferecia. E também pelo numero de vendas recorde em Portugal, no continente europeu, no americano e no africano.
Momento histórico oferecido por Bertrand Livreiros e informação do livro: “As motos da nossa vida: uma viagem sentimental à memória das motorizadas portuguesas” de Pedro Pinto.